Sabia que existem muitos ítens no planejamento de Belo Horizonte que não saíram do papel?
Esses detalhes são, no mínimo, curiosos, afinal alguns foram adaptados, já outros realmente não saíram conforme a planta da Cidade de Minas de Aarão Reis..
Antes de tudo, Aarão Reis foi um engenheiro e urbanista paraense (não ele não era mineiro) responsável pelo desenho da planta da nova capital. Era um projeto bem ousado para a época, então antes mesmo de ser inaugurada, Belo Horizonte já tinha o status de ser uma cidade moderna e planejada com propostas inspiradas em Paris na França e Washington nos Estados Unidos (ambas cidades planas, mas desconsidere essa parte).
Imagine só um projeto onde as ruas tinham largura de 20 metros, as avenidas 35 metros, a avenida principal, Afonso Pena, com 50 metros. Isso tudo para uma época recém saída do período colonial, e olha que nem carro tinha na cidade que era apelidada de “Poeirópolis”.
E ainda a cidade era toda setorizada. Estabeleceram-se locais para todas as atividades necessárias ao funcionamento de uma cidade: áreas onde seriam construídas as residências, os locais de trabalho, o local onde seriam instalados os hospitais, o cemitério fora da cidade, o comércio (Avenida do Comércio, hoje Santos Dumont), o centro cívico (Praça da Liberdade) e o lazer parques e praças, etc.
Inclusive as seções suburbanas (fora da Contorno) e Rurais (pequenas chácaras e sítios), essa última realmente não teve planejamento, mas era considerada importante para o abastecimento da cidade.

Resumindo, o projeto é muito bem elaborado, mas agora vamos falar do que está na planta do Aarão Reis e que por lá ficou. Seja por causa de logística, infraestrutura, orçamento ou prazo, muitos pontos da planta foram improvisados ou mudados.
Nome
A começar pelo nome, pois Belo Horizonte se chamava Cidade de Minas até 1901.
Prefeitura
A Prefeitura de Belo Horizonte foi projetada para ser na região da praça Raul Soares.
Catedral de Belo Horizonte
Era um projeto incrível, uma construção bem grande e a Afonso Pena terminaria nesta catedral que seria o ponto mais alto da cidade. Foi projetado por um arquiteto Austriaco e iria abrigar 12 mil pessoas.
Então, foram feitas as fundações, toda a base desta catedral, uma espécie de cripta, como se fosse um porão para guardar as coisas valiosas da igreja, mas depois o projeto foi abandonado, certamente devido a falta de recursos financeiros.
Antigamente chamada de Praça do Cruzeiro, devido a um cruzeiro que foi instalado ali, pois aquele local seria sagrado.
Posteriormente a praça homenagearia Milton Campos, que foi professor, jornalista, advogado e governou o estado de MG nas décadas de 1940 e 1950.
Zoológico
O zoo de BH seria no local onde hoje é o Minas Tenis Clube. O terreno era uma pirambeira que esperou ser abrigado o Zoológico do Aarão Reis.
Só que a ideia do zoológico ser ali perto do Palácio, naquela área nobre, não agradou muito o pessoal da política, então até o ano de 1935 o terreno ficou lá, as crianças se divertiam e o lugar era chamado de buracao.
Tinha até o córrego do Zoológico que hoje é canalizado e sinalizado nas placas.
Praça da República
Em frente à portaria principal do Parque Municipal, deveria existir a Praça da República,onde hoje é a praça Afonso Arinos e o início da João Pinheiro, que antigamente chamava-se Avenida Liberdade. O projeto era que a República levaria a liberdade, olha só que poético.
Parque Municipal
Nosso Parque Municipal foi reduzido em ⅓ de seu tamanho original. Para se ter uma ideia, o Ribeirão Arrudas passava dentro dele.
Na planta da cidade conseguimos ver 06 praças ao redor dele, sendo a Praça da República (que citamos acima) na entrada principal da Afonso Pena, outras quatro praças em cada uma das extremidades do parque e mais uma na area hospitalar, onde atualmente é a Praça Hugo Werneck.
As demais seriam Tiradentes que seria na afonso pena (Regiao do Othon), no outro lado da afonso pena a praça Benjamin Constant (militar, político e professor brasileiro, que apoiou fortemente a República).
Já as demais seriam onde hoje é a área hospitalar: Praça 15 de Novembro (data da proclamação da república) onde é a atual Praça Hugo Werneck, Praça José Bonifacio que ficou conhecido como o Patriarca da Independência e onde hoje é o bairro Floresta a praça 15 de junho (homenagem a data de promulgação da primeira Constituição Estadual de de MG em 1891, que seria no cruzamento das avenidas Francisco Sales e Assis Chateaubriand.
Praça do Progresso
Seria delimitado pelas avenidas Carandaí e Bernardo Monteiro ela seria onde hoje é o Colégio Arnaldo. O nome original homenageia o anseio de desenvolvimento do País, que deveria ser a meta do regime republicano.
Hipódromo
Planejado por Aarão Reis seria no Bairro Prado, onde hoje está a Academia da Polícia Militar.
Quartel
Foi previsto para ocupar uma área próxima onde é hoje a Praça da Assembleia, entre as ruas Alvarenga Peixoto e Gonçalves Dias, no Lourdes. Atualmente, o terreno abriga prédios residenciais e comerciais.
Praça da Federação
Seria delimitada pela avenida Olegário Maciel e pelas ruas Alvarenga Peixoto, Antônio Aleixo e Rio Grande do Sul; parte deste perímetro compõe a praça Carlos Chagas, ou Praça da Assembléia. O nome original homenageia o ideal de igualdade política entre as diversas instâncias de governo (federal, estadual e municipal)
Fora alguns outros trechos de Ruas que foram adicionadas depois, como a Rua Bárbara Heliodora la no Lourdes, A própria Contorno que passaria ali no Cidade Jardim onde hoje é o Museu Abílio Barreto.
Quem tiver interesse em ver mais dessas curiosidades é só entrar no site da Câmara Municipal de BH, onde retiramos algumas dessas curiosidades que você viu aqui.