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Fachada do Cine Theatro Brasil Vallourec, na Praça Sete de Setembro, em Belo Horizonte

Cinemas de Rua de Belo Horizonte

Você lembra qual foi o primeiro filme que viu no cinema? Se não se lembra,  a gente aposta que certamente se lembra em qual cinema foi!

Muito se engana quem acha que ir ao cinema é um hábito recente, principalmente aqui em Belo Horizonte, onde o cinema era considerado a maior diversão que a cidade oferecia.

Naquela pacata e jovem capital da década de 1930, você pegava sua melhor roupa, mulheres com seus vestidos rodados e arranjos nos cabelos, homens com ternos impecavelmente alinhados e seus chapéus.

Ir ao cinema era um estilo de vida,  uma verdadeira experiência em uma época onde não existia TV e os filmes influenciam os hábitos, costumes e a moda.

É até estranho a gente listar esses cinemas de rua e falar desses tantos nomes que já existiram, afinal, eram muitos, muitos mesmo! A maioria na região central, mas existiam muitos outros nos bairros Calafate, Padre Eustáquio, Cachoeirinha, Floresta, entre outros.

Mas como eram as sessões de cinema em BH antigamente?

Nessa época, os cinemas só tinham uma sala, que era enorme. O Cine Theatro, por exemplo, tinha capacidade de 2500 pessoas. Então, você chegava mais cedo, enfrentava uma fila gigante para comprar seu ingresso, depois entrava na sala e pegava seu lugar com a ajuda dos lanterninhas.

Antes do início do filme era comum serem exibidos telejornais para entreter quem já estava lá dentro aguardando o término da venda dos ingressos. Você assistia seu filme e, ao final das sessões, havia uma ocupação pública nas calçadas, tornaram-se um ponto de encontro, afinal o cinema também era uma forma de socializar.

Claro que a paquera também rolava solta, afinal o cinema era um ambiente propício para o flerte, uma forma de fugir da vigilância dos pais. Imagina quantos romances saíram dali, quantos casais não começaram a namorar, se casaram, devido a ter ido assistir um filme.

Relembre agora alguns dos Cinemas de Rua de Belo Horizonte:

Cine Art Palacio

Localizado na Rua Curitiba, nº 601, tinha capacidade para 1200 lugares, foi inaugurado em 1951. Em sua primeira década de funcionamento, foi considerado o cinema mais moderno de Belo Horizonte

A frequência era intensa, de domingo a domingo, com cinco sessões por dia, e era ponto de encontro dos cineclubistas da capital.

Fachada do Cine Art Palácio na Rua Curitiba, em Belo Horizonte
Fachada do Cine Art Palácio, na Rua Curitiba

O Centro de Estudos Cinematográficos acabou se estabelecendo no segundo andar do Art Palácio, depois de passar por várias sedes. Os sócios do CEC montaram ali uma pequena sala de exibição para sessões exclusivas. No local, havia também cursos de cinema e debates sobre filmes em cartaz.

Em 1983, o Art Palácio exibia filmes adultos que indicavam seu período de decadência até o fechamento de suas portas em 05 de janeiro de 1992.

Atualmente é uma loja de móveis e eletrodomésticos que felizmente preservou várias características do antigo cinema, inclusive seus projetores. Vale a pena conferir!

Cine Metrópole

O Metróple ficava na Rua da Bahia, nº 951, em um belo prédio na esquina com Rua Goiás. Ele foi considerado um dos cinemas mais importantes de Minas Gerais.

O Metrópole costumava receber as produções mais caras de Hollywood e grandes lançamentos. No início, o público comparecia às sessões como se fosse a eventos de gala, usando roupas elegantes e chapéu.

Recebeu celebridades como a atriz norte-americana Janet Leigh intérprete de Marion, a famosa loura esfaqueada em “Psicose”, clássico de Hitchcock.

O prédio foi construído em 1906 e abrigou o Theatro Municipal de Belo Horizonte. Já o cinema Metrópole funcionou de 1942 à 1983. Sob protestos da população, o prédio histórico foi demolido em 27 de maio de 1983 para dar lugar a uma agência do Banco Bradesco.

Cine Guarani

Este cinema funcionou na Rua da Bahia, nº 1.189, bem no Centro também, pertinho do Cine Metrópole. Diferente da maioria, felizmente o Cine Guarani teve um destino diferente.

Construído entre 1926 e 1930, pelo arquiteto Luiz Signorelli, no estilo art déco,  foi tombado como parte do Conjunto Urbano da Rua da Bahia, reformado e restaurado em 2008. Atualmente, abriga o Museu Inimá de Paula.

Com 454 lugares, era considerado um dos melhores cinemas da capital em termos de projeção e sonoplastia, posteriormente passou a buscar o público mais jovem, exibindo filmes com censura livre.

Fechou as portas em 31 de março de 1980. 

Cine Progresso

Se você era jovem na década de 1990 certamente frequentou ou ouviu falar da Phoenix, uma boate no Padre Eustáquio, mais precisamente, na Rua Padre Eustáquio, nº 2.545.

Agora, se você era jovem na década de 1960 você frequentou aquele mesmo ambiente como um cinema, o Cine Progresso!

Ele tinha capacidade para 1400 pessoas e fechou as portas em fevereiro de 1980, onde nas décadas de 1980 e 1990, funcionou no local a boate Phoenix.

Atualmente, o endereço abriga uma academia de ginástica.

A Rua Padre Eustáquio era um dos maiores corredores de salas de exibição em Belo Horizonte, nos bairros Carlos Prates e Padre Eustáquio.

A Região teve seis cinemas entre as décadas de 1960 e 1970: o Cine Azteca, em frente à igreja São Francisco das Chagas, e o Cine São Carlos, na Rua Padre Eustáquio, com capacidade para 780 espectadores, encerrando as atividades também em 1980.

Cine Candelária

Não sabemos o que nos deixa mais tristes: se é demolição de um prédio ou deixá-lo em ruínas como o Candelária, que funcionou na Praça Raul Soares.

Com capacidade para 2 mil lugares, o Cine Candelária foi inaugurado em dezembro de 1952. Durante longo período, foi considerado um dos maiores e mais confortáveis cinemas de Belo Horizonte.

No primeiro momento, recebia filmes europeus e americanos de pequenas distribuidoras.

Entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980, seu perfil social mudou.

Com a falta de cuidados e o aumento da prostituição na área no entorno da Raul Soares, o Cine Candelária passou a exibir apenas filmes adultos a partir de 1983.

Após o fechamento, em 2000, o local virou estacionamento e posteriormente, em 2004, foi parcialmente destruído por um incêndio. Hoje resta a fachada em ruínas.

Cine México

Este, ficava em um prédio art decó do lado do Shoppoing Oiapoque, construído em 1943, projetado pelo arquiteto Rafaello Berti.

Inaugurado em 1944m com 1.130 lugares, o Cine México recebia público eclético. Entre o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, já em decadência, a sala ganhou fama por suas sessões duplas – um filme pornográfico precedido por uma fita de artes marciais.

O declínio e seus sobreviventes

A decadência dos cinemas de rua aconteceu nas décadas de 1980 e 1990, com o crescimento dos shoppings centers que ofereciam segurança e comodidade.

Assim, a população foi perdendo o  hábito de frequentar cinemas de rua e esse tipo de estabelecimento foi desaparecendo cada vez mais do dia a dia belo-horizontino.

Para se ter ideia da decadência, as salas que em média comportavam mil pessoas, em 1983, o público médio de um filme de muito sucesso era de 450 pessoas. Muitos deles se tornaram locais que exibiam filmes adultos e posteriormente desapareceram do mapa.

Fachada do Cine Theatro Brasil, Praça Sete de Setembro, em Belo Horizonte
Fachada do Cine Theatro Brasil, Praça Sete de Setembro

Apesar das dificuldades, ainda temos cinemas de rua que lutam para manterem-se firmes e fortes na cena cultural belo-horizontina, como o Cine Belas Artes, o Cine Santa Tereza, o Cine Theatro Brasil, Cine Humberto Mauro na Fundação Clóvis Salgado e o Cinema do Cine Cultural Unimed no Minas 1.

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