Conheça um pouco mais da história das Estátuas da Praça Rui Barbosa em BH
Belo Horizonte possui quatro estátuas de mármore que representam as estações do ano – Primavera, Verão, Outono e Inverno.
Essas esculturas foram criadas no início do século 20 e ficaram durante muitos anos como uma atração da Praça Rui Barbosa (também conhecida como Praça da Estação), no coração da cidade. No entanto, as peças tiveram uma trajetória marcada por deslocamentos, vandalismo e até desaparecimentos.
Caso você seja um dos milhares de passantes pela Praça Rui Barbosa e ainda as veja por lá, saiba que são todas réplicas. Mas iremos te explicar toda essa história neste artigo.
Uma História Marcada por Mudanças
Feitas de mármore branco de Carrara, as estátuas não possuem registro de autoria, mas compuseram o cenário da Praça Rui Barbosa entre 1926 e os anos 1960.
Ao lado de tigres, leões e ninfas, elas ajudaram a tornar a praça um dos pontos mais queridos e visitados de Belo Horizonte, especialmente até os anos 1950.
Em 1963, devido à duplicação da Avenida dos Andradas, as esculturas começaram a ser removidas, marcando o início desta “movimentação”. Esse processo as espalhou por diferentes pontos da cidade, separando o conjunto original e dando início a uma nova fase em suas histórias.
Outono: Desaparecimento e Redescoberta
A estátua Outono, que representa uma jovem segurando cachos de uvas, enfrentou uma das jornadas mais dramáticas.
Transferida para a Praça Afonso Arinos em 1963, ela desapareceu misteriosamente em 2001, sendo dada como roubada.

Após muita especulação, em 2004, Outono foi finalmente encontrada em um almoxarifado da Prefeitura de Belo Horizonte – pichada e quebrada em duas partes.
Hoje, está sob a guarda do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG), aguardando restauro.
Inverno: A Figura Masculina em Meio à Peregrinação
A escultura Inverno, a única figura masculina do conjunto, retrata um idoso coberto por um manto e com uma expressão melancólica.

Assim como Outono, foi transferida da Praça Rui Barbosa e, depois de algumas mudanças, passou por restauro em 2002. Hoje, também está sob a proteção do Iepha.
Primavera e Verão: Um Refúgio no Palácio da Liberdade
Em 1969, devido ao mau estado de conservação, as estátuas de Primavera e Verão foram removidas da Praça Rui Barbosa e realocadas para o jardim frontal do Palácio da Liberdade, onde estão até hoje.

Primavera é retratada como uma jovem com um buquê de flores, enquanto Verão segura um feixe de trigo. As duas esculturas continuam expostas no Palácio, preservando parte da história da cidade.

Réplicas e Preservação
Com o tombamento das estátuas pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal (CDPCM) em 1998, foi decidido que réplicas seriam criadas para manter o visual original da Praça Rui Barbosa.
Em 2007, essas réplicas, feitas de resina e pó de mármore, foram instaladas no local original, permitindo que os moradores e turistas ainda apreciem a beleza das esculturas, enquanto os originais são preservados.
Um Patrimônio Vivo
As estátuas das quatro estações representam mais do que simples peças de mármore: elas são testemunhas da história urbana de Belo Horizonte e da transformação da cidade.
Desde os tempos em que a Praça Rui Barbosa era o coração da vida social da capital mineira até hoje, quando as réplicas mantêm a memória viva, essas esculturas continuam fascinando as gerações.
Além das réplicas, algumas das esculturas originais, como os tigres e ninfas, podem ser vistas no Museu de Artes e Ofícios (MAO) e na Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte.