A escolha do dia 19 de abril para dia dos povos indígenas é em homenagem ao Dia do Aborígene Americano, onde na data representantes tomaram parte do congresso no México, estipulando uma série de recomendações com objetivo de dar atenção ao povo indígena, em 19 de abril de 1943.
De acordo com o IBGE, o Brasil tem hoje cerca de 900 mil pessoas indígenas.
Disclaimer: vocês verão a gente usando o termo indígena e não índio, inclusive, o próprio título da data comemorativa mudou em 2022, de “Dia do Índio” para “Dia dos Povos Indígenas”, já que o termo índio vem caindo em desuso, como forma de demonstrar ainda mais respeito a essa população.
Antes, acreditava-se muito na história de que Pedro Álvares Cabral queria chegar na Índia para buscar cravo, canela e pimenta do reino, e DO NADA chegou onde hoje é o Brasil e deu o nome aos povos que aqui habitavam de “Índios” por “achar que estava na Índia”.
Como essa história é extremamente questionável (renderia um programa todo pra falar só disso), e a gente sabe que no Brasil e no mundo não existe só um indígena, ou um tipo de povo indígena, percebeu-se que a maneira mais justa e correta de se referir a este grupo é usando o termo “Povos Indígenas” ou “Povos Originários”. Não é legal reduzir essa diversidade enorme a apenas “Índio”, eles merecem esse respeito.
Vamos falar das Ruas de BH agora, começando lá embaixo na Guaicurus e subindo.
Rua dos Guaicurus
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava na região de Goias e do Mato Grosso do Sul próximo ao vale do Rio Paraguai. Eram povos nômades que deslocavam durante os períodos de enchentes e vazantes do Rio Paraguai e apesar do primeiro contato com os portugueses no século 18 ter sido hostil, tiveram participação ativa na guerra do Paraguai como tropas auxiliares.
Rua dos Guaranis
A rua é bem pequena, se comparada às demais e é conhecida pelo Cartório que tem ali que realiza muitos casamentos.
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava a porção centro-meridional do território brasileiro. Considerada uma das tribos sul americanas mais importantes, pois também estavam presentes nos territórios que hoje compreendem Paraguai, Uruguai e Argentina, além do Brasil.Sua língua era parecida com a dos Tupis que habitavam o litoral Brasileiro e por isso chamavam o dialeto de “Tupi-guarani” pois compreendia uma boa parte da população indigina aqui na região.
Rua dos Caetés
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava o litoral brasileiro entre a foz do rio São Francisco e a ilha de Itamaracá, na foz do rio Paraíba. Pertenciam ao grupo linguistico Tupi-guarani.
Rua dos Tupinambás
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava várias áreas do litoral brasileiro que compreendem atualmente os estados do Rio de Janeiro Bahia, Para e Maranhao.
No Rio de Janeiro tentaram uma convivência pacífica com os portugueses, mas depois de uma sequência de conflitos foram sendo exterminados.
Rua dos Carijós
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava o território que ia de Cananéia, São Paulo, até a Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
Pertenciam ao grupo dos Guaranis, eram bons agricultores, cultivavam milho, mandioca, criavam porcos e lhamas e tinham conhecimentos na area da medicina, construção de casas e fabricação de bebidas.
Rua dos Tamoios
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava do litoral norte de São Paulo até o vale do rio Paraíba no Rio de Janeiro.
Um fato histórico é que em 1560, os Tamoios se uniram na “Confederação dos Tamoios” numa tentativa de expulsar os invasores. Infelizmente não tiveram sucesso e foram extintos.
Rua dos Tupis
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava a estreita faixa da planície litorânea atlântica, desde o Rio Grande do Sul até a Bahia. A Lingua foi muito importante. Também foram sendo exterminados, mas existem descendentes dos Tupis na Amazonia, Argentina, Bolivia e Paraguai.
Rua dos Goitacazes
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava a região costeira entre o rio São Mateus, no Espírito Santo e a foz do rio Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro. os Goitacazes eram ótimos ceramistas e eram divididos em 03 subgrupos: Goitá Canapes, Goitacajoritos e Goitacá Guaçus e guerreavam frequentemente com os Tupinambás.
Durante o século 17 perderam suas terras para os portugueses e os seus remanescentes foram recolhidos em aldeamentos jesuítas. Uma curiosidade é que os Coroados na zona da mata mineira são os descendentes dos Goytacazes.
Rua dos Guajajaras
Localizada no centro e Barro Preto. Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava as margens dos Rios Grajau, Pindaré e Mearim no Maranhão. A lingua deles é um tronco da língua Tupi.
Rua dos Timbiras
Vai de uma ponta à outra da Contorno, começa perto do Felício Roxo (Barro Preto) e termina perto do Lifecenter (Serra).
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava a margem oriental da Amazonia, no Maranhão. O grupo indigena dos Timbiras era formado por 8 povos e a língua é da família Jê. Sus remanescentes ainda existem e ficam localizados ao norte de Goias, leste do Para e oeste do Maranhao.
Rua dos Aimorés
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava a região da Bahia, Espírito Santo e Minas Gerais, principalmente no vale dos rios Doce e Jequitinhonha. Paralela à rua dos Timbiras, vai de uma ponta a outra da Contorno.
Algumas ruas não tão conhecidas:
Rua dos Tapuias
Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava a parte leste do Brasil. A rua teve sua extensão reduzida em três quarteirões: hoje, ela se limita ao quarteirão entre as ruas do Sapucaí e do Urucuia; originariamente, ela iria da rua do Sapucaí até a avenida 17 de Dezembro, conhecida como ‘do Contorno’.
Rua dos Tabaiares
Do lado da Rua dos Tapuias,Na verdade, o nome correto dela teria que ser Tabajaras. Homenageia o povo indígena que, no início da colonização, habitava a zona da mata e o agreste paraibano e pernambucano. A rua teve sua extensão reduzida em quatro quarteirões: hoje, ela se limita ao quarteirão entre as ruas do Sapucaí e do Urucuia; originariamente, ela iria da rua do Sapucaí até a avenida 17 de Dezembro, conhecida como ‘do Contorno’.
Rua Arapé
Na área hospitalar, liga a Av. Alfredo Balena à Av. dos Andradas.
Não, não é a Alameda Ezequiel Dias. É paralela a ela. Na verdade ela não saiu do papel. Ela seria a continuação da atual rua Paraíba, começando pelo João XXIII, passando pela Faculdade de Medicina da UFMG até chegar na Andradas perto do Extra (Assaí).
O nome original Arapé pode ser uma referência à deusa da dança na mitologia tupi-guarani.
A Praça Sete de Setembro também tem referências indígenas e poucas pessoas notam:
Quem é de BH ou já esteve aqui e reparou, a Praça tem 4 quarteirões fechados, nas ruas Rio de Janeiro e Carijós.
Rua dos Carijós, entre a Praça Sete e a Rua Espírito Santo, se chama Pataxó. Extremo sul do Estado da Bahia e norte de Minas Gerais.
Rua dos Carijós, entre a Praça Sete e Rua São Paulo, se chama Krenak. Uma outra dominação para Aimorés, habitam hoje a margem esquerda do rio Doce, entre as cidades de Resplendor e Conselheiro Pena.
Rua Rio de Janeiro, entre a Praça Sete e a Rua dos Tamoios, se chama Xacriabá. Localizam-se no município de São João das Missões, no norte de Minas Gerais.
Rua Rio de Janeiro, entre a Praça Sete e a Rua dos Tupinambás, se chama Maxakali. Os remanescentes vivem em duas áreas indígenas no município de Bertópolis no Vale do Mucuri, nordeste de Minas.
Achei interessante que os nomes de ruas como Rua dos Tupinambás, dos Tamoios etc. mantém o “dos” antes das tribos. Pode parecer bobeira, mas entendo como uma forma de mostrar que essa rua ainda é deles. A palavra “dos” representa posse, pertencimento, então a rua é não só uma homenagem, mas ajuda a reforçar que eles ainda devem ter essa presença por aqui.
Infelizmente durante as pesquisas, a gente percebeu que apesar de existirem estes povos ainda, eles tem que lutar muito para serem reconhecidos e terem suas terras para sobreviver. Muito se perdeu ao longo dos anos, então vale a pena a gente gerar essa visibilidade, e manter uma data (ainda que só uma vez ao ano) para relembrar isso.
Fonte: Câmara Municipal de BH