Resolvemos fazer um artigo destinado a este tema tão importante da nossa história e que está presente pelas Ruas de BH. Afinal, são muitas as ruas na região da Savassi que homenageiam os inconfidentes Mineiros, já que Belo Horizonte foi criada a partir dos ideais nacionalistas republicanos daquela época .
Nas nossas pesquisas vimos que muitos historiadores não utilizam o termo “inconfidência”, pois este é um termo pejorativo usado pela Coroa portuguesa, pois a palavra “inconfidente” é utilizada para se referir a um traidor, a uma pessoa desleal, infiel.
Na perspectiva portuguesa, todos os que se voltaram contra Portugal eram traidores, logo, inconfidentes.
Desta forma muitos historiadores consideram “conjuração” uma forma mais apropriada de se referir a esse acontecimento.
Outro fato interessante da Inconfidência Mineira foi que eles não lutavam pela independência do Brasil, mas sim pela independência de Minas Gerais.
Mas antes de entrar nesse assunto vamos falar um pouco da história?
A versão de Tiradentes que todos nós conhecemos, é uma versão que foi construída e idealizada e que NÃO corresponde às fontes históricas.
Nossa parceira Karina Magalhães, professora de história @alokadahistoria nos disse que essa versão foi construída 100 anos depois da Inconfidência Mineira, com a proclamação da República no Brasil.
Como esse grupo que proclamou a república precisava de uma legitimidade da população, eles precisavam de uma imagem forte que gerasse impacto para a população.
Então foi construída essa imagem de herói na pessoa de Tiradentes, afinal houve um cara que foi enforcado pela República, ele foi morto pela nossa nação.
Para ser um herói perfeito, algumas coisas foram introduzidas na imagem estética de Tiradentes, como por exemplo os cabelos e barbas grandes, semelhante a imagem de Jesus Cristo. Porém, a condição de alferes (patente de oficial abaixo de tenente, foi substituída pela de segundo-tenente) não poderia ter barba.
Outra coisa é que quando as pessoas iam ser enforcadas, elas tinham a barba feita e o cabelo raspado para que não houvesse dúvidas de que ela estava sendo enforcada mesmo.
Tiradentes também NÃO foi o líder do movimento, apesar de ter sido sim uma figura importante, mas ele não liderou o movimento. Inclusive ele era considerado o mais humilde deles.
O final dessa história todo mundo já sabe: Tiradentes acabou sendo enforcado no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro.
Foi esquartejado e partes do seu corpo foram espalhadas pela estrada Real que ligava o Rio de Janeiro a Minas Gerais. Sua cabeça foi colocada em exposição na praça central de Vila Rica e lá permaneceria até apodrecer, mas acabou sendo roubada, desapareceu e não se sabe o seu paradeiro até hoje.
Mas vocês sabiam que a cabeça dele sumiu duas vezes?
A história é bizarra: Em 1992, para comemorar os 200 anos da morte do Martir, o governo de Minas encomendou uma réplica da cabeça do herói que pesava 30 quilos e assim como a original, ela foi colocada em uma gaiola sobre um grande mastro.
A cerimônia saiu como o planejado, com várias homenagens ao herói, mas no dia seguinte, quando amanheceu, a cabeça não estava mais lá.
Isso é porque na noite anterior, dois amigos que estavam bebendo durante toda a madrugada nos bares de Ouro Preto por volta das 5h, se depararam com a réplica de cabeça e pensaram em recriar a narrativa então eles roubaram a cabeça de Tiradentes.
A policia foi acionada, mas tudo não passou de uma brincadeira dos artistas plásticos José Efigênio Pinto Coelho e Gelcio Fortes que só prestaram depoimento e depois foram liberados. Inclusive houve quem dissesse ao delegado que o ‘crime’ fazia parte da cerimônia.
Voltando para BH, já repararam que não existe, nem existiu nenhuma Rua Tiradentes na região Central de BH?
Pesquisamos e achamos uma pequena rua Tiradentes no bairro Bonsucesso que fica no Barreiro e outra no Industrial que fica já em Contagem.
Na planta original da cidade, haveria uma praça Tiradentes proximo de onde é o Sulamerica e o Sulacap, mas que ficou só no papel mesmo. A praca que a gente conhece atualmente, que fica mais no alto da Afonso Pena, só foi criada nos anos 1960.
O grupo dos inconfidentes era constituído por aproximadamente 25 pessoas, mas somente alguns deles receberam ruas em suas homenagens:
- Rua Cláudio Manoel – em homenagem ao poeta, minerador e advogado Cláudio Manoel da Costa
- Rua dos Inconfidentes: Bairro Funcionários que começa na contorno e termina na Cristóvão Colombo
Curiosidade: Praça dos Inconfidentes: Fica onde está o Palácio da Inconfidência na Praça Carlos Chagas. Traduzindo é um pedaço da praça da Assembleia
- Rua Alvarenga Peixoto, no Lourdes, em homenagem a Inácio José de Alvarenga Peixoto, foi um advogado e poeta carioca
- Rua Tomás Gonzaga em homenagem ao portugues Tomas Antonio Gonzaga, um jurista, poeta e ativista político
- Rua Alvares Maciel, no Santa Efigenia, em homenagem ao engenheiro e politico José Alvares Maciel
- Rua Padre Rolim, que homenageia José da Silva e Oliveira Rolim, que foi um padre mineiro
- Rua Domingos Vieira, homenagem a Domingos de Abreu Vieira, tenente-coronel e comerciante português
Tiradentes Cidade
A cidade de tiradentes tinha o nome de Santo Antônio do Rio das Mortes. Depois passou a se chamar Vila de São José.
No fim do século XIX os republicanos redescobrem a esquecida terra de Joaquim José da Silva Xavier,
Com a proclamação da república, por decreto de número 3 do governo provisório do estado, datado de 06 de dezembro de 1889, recebe a cidade o atual nome “Cidade e Município de Tiradentes”.
A bandeira de MG
O esboço inicial da bandeira, com fundo branco, teria sido feito pelo poeta Cláudio Manuel da Costa. Tiradentes sugeriu que incluísse um triângulo verde, remetendo à revolução francesa e à santíssima trindade.
Já a frase em latim foi proposta por Alvarenga Peixoto, outro inconfidente, e foi retirada de um versículo do poeta romano Virgílio. “Libertas quae sera tamen” “liberdade ainda que tardia.
Existe um exemplar dessa bandeira verde no Museu Mineiro, na Av. João Pinheiro, que é um ótimo lugar para conhecer um pouco mais da história de Minas.
Tem ainda o Memorial Minas Gerais da Vale, na praça da liberdade que também contém muita história do nosso estado e até uma sala em que os quadros com imagens dos inconfidentes falam e contam a história da inconfidência.