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Estátua de Tiradentes na Avenida Afonso Pena com Avenida Brasil em Belo Horizonte

Estátuas polêmicas de Belo Horizonte

Quem passa distraído ou distraída pela cidade e não repara em seus detalhes, deixa de observar e entender muitas curiosidades que ela guarda. Existem muitos monumentos, esculturas, bustos e estátuas espalhadas pelas ruas de BH e algumas são bem polêmicas!

Políticos, poetas, pessoas influentes, artes abstratas, tudo depende da época que foi construída.

Algumas obras já até mudaram de lugar, outras foram censuradas. Teve uma que já até sumiu do mapa por ser, digamos, diferentona.  

 O Monstro da Antônio Carlos

Você se lembra de uma escultura que ficava na trincheira da Antônio Carlos com Avenida Santa Rosa quase chegando na Pampulha?

A escultura de gosto bem duvidoso foi colocada lá embaixo desta trincheira em 2004 na gestão do então prefeito Fernando Pimentel. O que era pra ser uma homenagem aos animais do zoológico se tornou alvo de críticas e mais uma lenda urbana aqui da cidade.

A escultura nada mais era do que várias partes de animais formando um só.

Na verdade ela foi colocada como uma forma de evitar que pessoas em situação de rua ocupassem o local.

Mas como em Minas Gerais a gente adora um conto, houve quem disse que era morada do “coisa ruim” e tinha gente que se recusava a passar por ali, pois diziam que a estátua sugava a energia dos humanos.

Também levantaram questionamentos quando foi identificado que ela poderia retratar o demônio Javna, considerado pelo satanismo como o “guardião das profundezas”.

Enfim, foram várias teorias até que com as obras do MOVE a escultura acabou sendo retirada, mas não se sabe se foi destruída ou aterrada… Fica aí um questionamento pra um boteco com os amigos.

 “O homem Nu” da Praça da Estação

Outra estátua polêmica que também deu o que falar foi a estátua de um homem completamente nú bem na entrada da Cidade.

Imagina Belo horizonte toda recatada na década de 1930…  Claro que isso não ia dar certo!

Antes, vamos contextualizar que a Praça Rui Barbosa/Praça da Estação, era literalmente a porta de entrada da cidade, por ser a ligação férrea de Belo Horizonte com o resto do País. Então toda aquela região gerava um impacto de quem chegava e vinha conhecer a nova cidade nos moldes republicanos.

Só que a sociedade mineira sempre foi mais conservadora, né? Então vocês vão ver que tem mais casos de estátuas por ali que também deram o que falar.

O “homem pelado” faz parte do Monumento à Terra Mineira, que simboliza a grandeza de Minas.

O Braço forte do homem segura uma bandeira que inspira força, bravura. As inscrições em latim abaixo da estátua dizem “a montanha sempre estará livre”, que remete a luta pela liberdade do povo mineiro contra a Coroa Portuguesa.

Só que tem um detalhe ali que passa despercebido, mas que é bem interessante.

O monumento original não teria bandeira, o desenho do artista italiano Giulio Starace já estava pronto para ser fundido. Porém o engenheiro Dr. Lourenço Baeta Neves, que era assessor do então Presidente Antônio Carlos, foi mandado pelo próprio presidente para o atelier do Júlio em São Paulo para ver como estava a obra encomendada pelo Governo.

Esse Dr. Lourenço discutiu muito com o escultor, que não queria alterar sua criação, mas o convenceu. E então, mesmo contrariado e furioso, o escultor Júlio Starace meteu aquela bandeira nas mãos do homem e que torna-se uma especie de um tapa sexo da estátua.

Anita Garibaldi no Parque Municipal

Outro caso bem polêmico foi o da Anita Garibaldi. O busto é datado de 1913, esculpido em bronze pelo artista italiano João Bassi. Inicialmente foi instalado na Praça Rui Barbosa (Praça da Estação), como dissemos acima, um local de muita visibilidade.

Mas o que não agradou a sociedade mineira conservadora foi o comportamento da guerrilheira catarinense.

Para quem não sabe, a Anita Garibaldi era casada, mas largou o seu marido quando conheceu o líder revolucionário Giuseppe Garibaldi. Ela participou da Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul, estando à frente do seu tempo e com um comportamento não condizente com os padrões vigentes da época.

Dessa forma, a obra foi levada para um local de pouca visibilidade, dentro do Parque Municipal na década de 1920, mais exatamente no portão da entrada da antiga avenida Tocantins, hoje avenida Assis Chateaubriand.

Praticamente esconderam a Anita. Mas em 1929, após a construção do Viaduto de Santa Tereza, ela foi retirada novamente e levada para a Ilha dos Amores, que foi totalmente remodelada especialmente para recebê-la e está lá até hoje. 

Quer mais uma teoria que ficou no ar? Perceba que ela está de costas pra quem chega à ilha.

Tiradentes na Avenida Afonso Pena com Avenida Brasil

Todos nós sabemos que Tiradentes foi o mártir da Inconfidência Mineira. Apesar de não haver nenhum registro, muito menos fotografias, ele sempre foi representado com barba grande e cabelos longos, correto?

Há controvérsias sobre essa imagem dele, pois o cargo de alferes, que era um posto militar, não permitia o uso de barba. Há quem diga inclusive que ele era magro, alto e muito feio.

Aqui em BH nós temos a praça Tiradentes, no cruzamento das Avenidas Afonso Pena e Avenida Brasil. Sua estátua tem mais de 6 metros de altura e foi inaugurada em 1963, feita por Antonio Van Der Weeill  e retrata o martir justamente com essas características que vemos nos livros de história.

Há também uma outra estátua na praça da assembleia, essa em tamanho menor (1,78), feita em 2014 pelo artista plástico Leo Santana, que também traz as mesma características, porém podemos vê-la de perto por estar numa altura em que conseguimos enxergar seus detalhes.

Mas existe uma terceira estátua, essa bem menor, que fica na praça Mendes Júnior, ao lado do Palácio da Liberdade, criada em 1993 pelo artista Plástico José Synfronini de Freitas Castro.

Essa já traz uma leitura diferente, com o Tiradentes sem barba e sem o cabelo comprido. Essa leitura foi feita a partir de estudos realizados por coronéis da Polícia militar de Minas Gerais e aprovado pelo Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais validado do ponto de vista histórico e estético.

Agora que você conhece um pouco mais das estátuas, perceba o quão importante é debater sobre sua preservação e como elas podem contar a nossa história com pequenos detalhes.

Para finalizar, um pouco de tecnologia para ajudar a saber mais de quem foram essas pessoas são as inserções de QR codes como nas estátuas de Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade na Rua da Bahia, recentemente restauradas.

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Uma resposta

  1. A estátua do Monstro “Javna” me aterrizou horrores quando eu era criança, tanto que até hoje lembro de ter passado de carro com meus pais e ter visto aquele bicho coberto de sangue. Não sou cristã, mas não acho que essa de homenagem aos bichos cola, até pq demônios são geralmente assim, cabeça de animal e corpo de animal, ainda mais um bode. Suspeito, no mínimo 👹

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